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Empreender é um DOM?

Empreender é um DOM?

A resposta é, NÃO. Mas calma, não vai embora antes de fazer essa breve leitura.

Vou começar com uma pergunta simples.

Você já pensou em empreender?


Ok, esse artigo ta com cara de uma sessão de coach, mas calma, você já vai entender.

Eu falo sobre empreendedorismo a bastante tempo, para mim pelo menos é bastante tempo. Desde a 6ª fase da faculdade quando tive uma matéria de empreendedorismo, mas a virada de chave foi na 7ª fase, na matéria de Lean Startup, que na época pra mim era só um nome difícil com temas complexos.

Pois bem, em duas semanas dessa matéria, que era uma eletiva e com término nesse período, eu vi uma transformação na minha forma de pensar. De um cara que seria só mais um formado em TI a um cara que começou a sonhar que poderia se tornar tão grande quanto os maiores empreendedores do mundo. Um cara que saiu do interior de uma cidade de interior, agora pensando que poderia competir com os grandes do mercado. Ali, nessas duas semanas de aula nascia um jovem empreendedor, nascia uma possível startup, nascia o cara que sou hoje.

Lembro muito bem dos sentimentos que tive no decorrer dessa matéria, o primeiro foi insegurança, já que nunca havia ouvido falar no tema, muito menos em startup. Eu só queria terminar a faculdade, a única coisa que me passava na cabeça era o diploma pra depois tentar encontrar algum emprego na área ou prestar um concurso público. A insegurança vinha por conta do desconhecido, um friozinho da barriga.

"Será que vou reprovar?"

"Será que vai ter prova?"

O segundo sentimento foi de medo, já que se tratava de um assunto que eu não dominava, assim como 90% dos meus colegas. E é claro, medo por não ser tão bom quanto os 10% que tinham alguma noção. Como a metodologia Lean é muito rápida, eu não tive tanto tempo assim pra focar nesses sentimentos, já que até aí não se passou nem uma aula inteira sequer.

O professor disse para a turma montar equipes, mas dessa vez em um formato diferente, com pessoas que você gostaria que fossem teus sócios. E eu, assim como todos os outros colegas, fiz o mais óbvio possível, liguei o foda-se e me juntei com os amigos de sempre. A partir daí eu tinha um time, tudo certo, tudo normal, será só mais uma aula, só que não...

Novamente o professor veio com uma forma diferente de apresentar a matéria, pedindo para encontrarmos problemas reais, sem pensar em soluções, focando apenas no problema. Fizemos o óbvio, começamos pensar nas melhores soluções possíveis para problemas que nem sabíamos se existia. E aí que um sentimento voltou à tona, voltou logo após o professor invalidar nossa possível solução, já que o foco era no problema. A insegurança bateu novamente e junto com ela um novo sentimento, o desespero, já que éramos a única equipe que ainda não tinha um problema para resolver. E assim passamos duas longas noites, enquanto o restante da turma partia para soluções, nós não fazíamos ideia do que fazer.

Resolvemos então tratar a situação como todos os universitários fazem, da forma mais adulta possível, indo para o bar beber cerveja. Ao voltar para a aula, ainda sem ideia nenhuma de problema e com a certeza de que pela primeira vez na vida eu reprovaria, sentei na minha cadeira, ainda meio tonto por conta do álcool, tentando encontrar uma maldito problema para resolver, olho para a porta que estava aberta, vejo um hidrante vermelho, algo obrigatório em prédios por conta da metragem, algo que sabia por ser brigadista de incêndio na empresa que trabalhava, mas naquele momento não vi um hidrante, o que eu vi foram casas inteiras sendo incendiadas sem serem salvas por conta do tempo em que os bombeiros levavam até chegar no local do incêndio. Algo que em todos os cursos era levantado como crítico no atendimento. Aí então tive talvez o maior insight da minha vida até aquele momento, foi algo que é muito difícil de explicar, como se um mundo inteiro de ideias surgissem na minha cabeça.

Lembro muito bem do sentimento. Era uma misto de alegria com satisfação tão grande que quase não consegui dormir naquela noite. Mas ainda precisava validar esse problema, o que para mim seria fácil, já que tinha contato de alguns bombeiros, que poderiam me dar essas respostas. Vi então pela primeira vez o significado da palavra network sendo utilizado de forma prática, em poucos minutos, durante meu horário de trabalho eu havia conversado com alguns bombeiros e identificado que aquele era um problema real, inclusive, havia conseguido o contato do Major do Corpo de Bombeiros, responsável pela parte de alertas de incêndios de todo o estado. No mesmo dia, tremendo de medo, liguei para ele, e consegui marcar uma reunião que ocorreria na mesma semana. Algo que até então para mim era impossível, agora havia se tornado realidade.

"Será então que empreender é isso?"

"Será que eu sou tão foda quanto estou me sentindo?"


Em resumo, havia validado o problema e conseguido uma reunião. Chegando na aula, fui empolgado falar para o professor que tinha validado e que tinha uma solução para esse problema, explicando por a mais b o motivo de que a ideia era boa e iria funcionar. O professor gentilmente me recebeu com os dois pés no peito, dizendo que era muito difícil vender para o governo e que a ideia não daria certo. Um banho de água fria em um cara que passou o dia inteiro se achando o novo Steve Jobs... Mas como eu já me senti empreendedor, não deixei barato, fui resiliente, bati o pé e disse que a ideia era boa e que tinha futuro o professor então, mesmo que sem acreditar, deixou passar para a próxima fase.

O que aconteceu na sequência foi muito mais inacreditável do que eu podia imaginar. Apresentei a ideia para o pessoal do Corpo de Bombeiros, e eles simplesmente amaram a ideia e falaram que apoiavam muito o projeto. A partir daí, tínhamos o apoio do Estado em prol da nossa solução, além é claro de sair com o contato de uma das maiores construtoras de prédios de luxo de Santa Catarina e um dos Sócios de uma das maiores empresas de alarme de incêndio do mundo. Novamente os sonhos de me tornar um empreendedor de sucesso voltaram, o brilho no olho e a vontade de fazer a diferença eram extremamente motivadores, cada ligação que fazia me dava a certeza de que estava no caminho certo. Até o professor começou a apoiar a ideia, fizemos nosso canvas, colamos post-it, discutimos modelo de negócio, pensamos em formas de ganhar dinheiro, pensamos em um nome, em um slogan, e assim nasceu a FireCall, uma startup do setor de segurança, que tinha como slogan "Every Second Counts", em português "Cada Segundo Conta", perfeita para a solução que reduzia o tempo de atendimento em casos de incêndio, salvando vidas e patrimônios.

Agora você deve estar pesquisando onde anda essa Startup de sucesso. Deve ter encontrado alguma coisa na Google Play, artigos em inglês. Deve estar pensando:

"Esses caras devem ter ficado muito ricos"

E aqui, meu amigo(a) que entra um negócio chamado MERCADO. Só tivemos aplausos e elogios enquanto tínhamos uma ideia, tudo era muito bonito no papel, mas na hora de alguém de fato, assinar o contrato, pagar o boleto, assumir uma responsabilidade é que você começa entender como funciona esse tal de mercado.

A FireCall entrou em falência muito antes de ter um cliente, isso se deu por vários motivos, e aqui vou listar alguns deles:

  • Falta de validação. Só validamos aquilo que nos garantia o sucesso, quando tinha alguma dificuldade, nos fingíamos de cegos.
  • Imaturidade. Nenhum membro da equipe tinha experiência com nenhum negócio. Éramos quatro piás pançudos achando que íamos ficar ricos da noite pro dia com uma ideia mal validada.
  • Ego. Só o fato de pensar que o projeto é mais seu do que do seu sócio, já é um fator extremamente negativo e que não agrega nada.
  • Mercado. Tentar entrar no mercado governamental já é difícil, com uma solução mal validada, pior ainda e ainda querer cobrar por isso, é algo praticamente inviável.

Mas não foi de tudo ruim. Aprendi da melhor e pior forma possível como é empreender, hoje sou empreendedor, sofro e me alegro com esses mais variados sentimentos todos os dias. Hoje dou mentorias gratuitas para empreendedores que assim como eu tiveram muitas dificuldades quando começaram, alerto sobre os problemas que passei e passo, faço o papel do professor e taco os dois pés no peito dos empreendedores cabeça dura. Esse processo é importante, você precisa ser resiliente, precisa aguentar segurar as pontas sob pressão, empreender não é fácil, não é algo que da um resultado em curto prazo, não é algo que te deixa rico da noite pro dia. Hoje entendo um pouco sobre o que é empreender, tenho certeza de que tenho muito mais a aprender, pois empreender não é um processo finito.


Salomão Eineck Júnior
CEO Beer Hub | Coordenador de TI e do REUNI CHALLENGE SC no Orion Parque Tecnológico

 

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